é só querer



Ela estava se arrumando para a festa da noite. Aquele dia era importante, ela levava a sério, realmente. Tinha suas simpatias, suas manias para a noite e não adiantava o que dissessem, ela acreditava em todas. A lista de pedidos para o ano que se iniciaria já estava pronta e ela guardara muito bem escondida. Ela pensou nos pedidos e metas para aquele ano que já estava acabando e tentou fazer uma retrospectiva do que havia sido atingido e o que não. Na verdade, apenas um pedido, um desejo, ainda estava em aberto. Ela deu de ombros, tentando não pensar naquilo, não naquela data do ano.

I'll love you for a thousand more


 Desde ontem estou tentando fazer um adendo a um post de um blog do qual faço parte. Não consegui, não sei por que. O post fala sobre fim do mundo, mas não esse que se espera no próximo dia 21, mas o fim do mundo que cada um já teve na sua vida. Eu tentei pensar nos meus, mas só consegui pensar em um, e isso porque ele já fala no próprio post. Não vale colar, então resolvi esperar para fazer verdadeiramente. Então o dia de hoje chegou. Eu já o esperava há alguns meses, pensando no que preparar para ele, mas ontem eu fui pensar em alguma coisa, e nem um pouco parecido as ideias que tive há um tempo. O mais fácil e rápido era escrever alguma coisa, relembrar meus tempos dourados e postar aqui, ou até mesmo no orkut, que era onde eu costumava fazer isso (mas aquilo já está mais que abandonado, e eu queria que as pessoas vissem). Então - não é o único, mas é o que eu quero falar hoje - meu fim do mundo é todo dia 18 de dezembro. Um dia eu fui uma fã alucinada de um casal que tanto admiro. Hoje eles podem servir como exemplo, como meu passado lindo e romântico, como aquelas pessoas que pelo tanto que aprendi com elas vou levá-las para o resto da vida comigo. Mas 18 de dezembro é especial, e parece que tudo aquilo que já superei - ainda mais por não estarem juntos - vem à tona com uma intensidade absurda. Eu poderia deixar passar, fazer um comentário apenas em alguma rede social, mas hoje se completam dez anos. Não são dez horas, dez dias, ou dez meses. São dez anos. Pelo menos uns nove eu fiz parte, mesmo que de fora. Eles me fizeram como sou em um relacionamento, eu sinto isso. Então, aqui vai algo que veio do fundo do meu coração, algo bem diferente do que eu costumava escrever quando eles era meu principal motivo, algo que de uma forma ou de outra, eu acho que vale a pena ser lido. Boa leitura, boas lembranças, e eu recomendo esse vídeo que uma amiga fez, para quem gostava deles também. Feliz dieciocho de diciembre.

Don't worry, be happy

- Bueno? ela atendeu mais uma chamada naquele dia. Por favor, seja rápido que estou em outro país! ela ouviu uma risada do outro lado da linha e soube no mesmo instante quem era. Oi, Poncho.
Ele não disse nada no primeiro instante. Quis se deliciar com o próprio nome ou apelido ao som da voz dela. Era tão doce, apesar de estar carregado de ironia, que ele quase podia sentir o chocolate derretendo. Como a cor dos olhos dela.

How hard it is to make it look so easy


- Por que você tanto confere as horas? - Annie lhe perguntou. - Tem outro compromisso depois daqui?
Lucy se segurou para não fazer isso mais uma vez. Ela já tinha olhado as horas cinco segundos atrás, e dez segundos atrás também, e um minuto atrás e assim por diante. Por isso Annie estava comentando. Ela olhou para o iPhone a sua frente e depois para a amiga.
- Pra ver se alguém vai dar pra trás - ela deu de ombros. Realmente mentia muito bem, mas Annie sabia a verdade.

Everything is not what it seems

- Ai! - ele gritou quando ela lhe bateu no braço. - Por que fez isso?
- Pra você aprender a não fazer gracinha. Nunca mais!
- O que eu fiz dessa vez? - ele esfregava o braço dolorido. Apesar de pequena, ela não tinha nada de fraca.
- Por que você não disse que aquele perfil no instagram não era seu? Eu te cobrei tantas vezes por causa das fotos! - ele deu de ombros. - Você não iria nem se defender?
- Era engraçado.
- Engraçado?! - ela bravejou. - Não tinha nada de engraçado, Ian!
- Lucy, - ele disse calmamente - estava lá o tempo todo, na descrição do perfil fala que não sou eu.
- Não estava o tempo todo. Eu descobri porque vi no seu twitter um dia desses.
- É, as coisas estavam ficando em proporções maiores com os fãs, então eu tive que dizer a verdade.
- E você achava legal brincar com todos assim?
- Como eu disse, era engraçado - ela bufou. - Lucy, eram só umas fotos, calma.
- Eu briguei com você a toa - ela estava mais calma agora, parecendo arrependida. - Me desculpa por isso.
- Tudo bem, eu não fui de todo inocente.
- Não mesmo - ela riu. - Então ta, vou parar de seguir aquele perfil - ele piscou. - Até mais, tenho que terminar de arrumar - ela mandou um beijo no ar e saiu andando pelos corredores do estúdio.

Wait for the dawn my dear

- WTF is this? - foi o que Troian disse assim que Lucy atendeu o celular.
- O quê? - ela perguntou ofegante. - Do que você está falando?
- Eu venho postar uma foto no instagram e vejo você e Zylka jantando juntos ontem à noite?! - Lucy riu, como a frase soou.
- Nós não estávamos jantando juntos. Estávamos em meio a muitas pessoas. E nem sentamos lado a lado. Você sabe que não somos tão amigos assim mais, Troi.
- Na verdade, não são nada amigos!
- É, isso aí. Você me ligou só pra isso? Sério?
- Mais ou menos - a voz da amiga agora era mais suave. - É só que... isso foi um soco em cheio ao estômago de Ian.

Made of Paper

Talvez ela não tivesse a mínima ideia do que estava realmente fazendo. Era como se saísse fora do corpo e ele agisse sozinho, sem alguém para comandá-lo.
Aquele dia era especial, aniversário de seu irmão, e estavam todos ali para festejar. Mesmo que poucos, eram suficiente. Ela sorriu, para aquele que compartilhava o mesmo sangue, o mesmo olhar, as mesmas sardas.
- Feliz aniversário - ela o abraçou.
- Obrigado, mana - ele lhe beijou o rosto.
Os dois se encararam por alguns instantes, sorrindo, mas logo um amigo se aproximou para conversar com o aniversariante e ela se afastou.

always [...] waits for you

- Você pode parar, por favor? - ela chegou perto dele, nervosa.
- Parar de quê? - ele levantou uma sobrancelha, mas continuou mexendo no celular.
- Para de colocar fotos minhas no seu instagran sem motivo algum. Fotos antigas, fotos da gente se beijando...
- Epa epa! - ele a cortou. - A gente nunca tirou uma foto se beijando.
- Nossos personagens, whatever.
- Qual é o problema com isso? - ele deu uma risadinha. - Nós somos amigos, não posso postar fotos suas? Me desculpe então.

God knows you just made my day

- Qual era a surpresa que você disse? Lucy? - ele me chamou quando hesitei para responder. - O que foi?
- Promete que não vai ficar bravo comigo?
- Por que eu ficaria?
- Eu ainda não tive muito tempo para pensar nisso, está tudo muito confuso e eu não sei exatamente o que fazer.
- Do que você está falando? - respirei fundo e o encarei, sentindo as lágrimas em meus olhos. - Ei, por que você está chorando? - ele me abraçou, fazendo meu rosto afundar em seu peito. Ele não consegue me ver chorando. - O que foi, Lucy?
- Eu... eu... - eu comecei a soluçar.
- Okay, agora você está definitivamente me assustando - ele passava a mão pelas minhas costas, na tentativa de me acalmar. - O que aconteceu? Por que você está assim?
- I’mpregnant.

Happiness feels a lot like Sorrow



- Eu acho que não posso com isso.
Ela se lembrou da última frase que dissera a ele, na noite anterior. Enquanto assistia algum programa de tv, ou simplesmente a deixava ligada, Lucy mexia no dedo da mão esquerda. Ali, horas antes, havia um anel de noivado. Agora, só o costume de carregá-lo. Toda sua vida, tudo o que havia planejado, havia se esvaído, ela possuía apenas a incerteza do futuro. O telefone tocou, mas ela não teve coragem de atendê-lo, deixou que caísse na secretária e esperou.
- Lucy, você está aí? Acabei de ficar sabendo, você está bem? Me liga, por favor. Eu estou preocupada com você.
Era Ashley, sua melhor amiga e maid of honor. A notícia sobre o fim do casamento não agradaria a ninguém. Principalmente seu pai, que já havia arcado com a maioria das contas. Ela esperava que as lojas e tudo mais, pudessem reembolsá-lo.

You follow what you feel inside



Ela olhou em volta e deu um sorriso enorme. Estava completamente fascinada, essa era a verdade. Finalmente, depois de tanto tempo, fizera exatamente o que queria, apesar de achar que era pouco tempo. Ela sorriu e continuou andando. Escolher uma cidade específica em cada estado dos Estados Unidos não era fácil, principalmente se tratando da Califórnia e da Flórida. Mas ela escolhera a dedo cada uma e não se arrependia; algum dia voltava para visitar as cidades que queria mas não pudera.
Nesse exato instante ela estava no Texas, em Grand Prairi, sendo mais exata. Ela não sabia nada daquele lugar, ela apenas tinha uma vontade enorme de conhecer o Texas, saber se era como sempre imaginara em seus pensamentos. Talvez não tivesse nada a ver, ela riu. E também talvez tivesse passado muito tempo desde que imaginara para quando realmente conhecera. Mas enfim, a cidade escolhida tinha um significado, mesmo que esse estivesse longe, em seu passado.

If you wanna fly round the world...


- Que cara é essa? – Troian a perguntou, já no fim do dia, quando entrou no camarim. Mas Lucy não respondeu, ela estava com fones de ouvido. – Lucy? – Troian chamou mais uma vez. – Agora você está ouvindo? – ela puxou um dos fones da amiga.
- What? – Lucy arregalou os olhos ao olhar para ela. – Você me chamou?
- Várias vezes – Troian riu, enquanto se livrava da maquiagem em frente ao espelho. – Eu perguntei que cara é essa sua.
- A minha de todos os dias? – Lucy desligou o iPhone, guardou os fones de ouvido e ficou mexendo no aparelho.
- Você está diferente – Troian deu de ombros. – E eu te dou a chance de me contar antes que as meninas apareçam e eu faça elas te perguntarem também.

Too pretty to say please

- Bueno? – ela atendeu o telefone como sempre. Mas ninguém respondeu. – Alô? Tem alguém aí? – ela riu, gostosamente. Estava de bom humor o suficiente para não se importar com gracinhas ou trotes. – Okay, eu vou desligar porque tenho mais o que fazer. By

- Oi – ela franziu a sobrancelha e tirou o telefone da orelha para olhar o visor. O número era um qualquer que ela desconhecia. – Desculpa por ter demorado, mas é estranho falar com você depois de tanto tempo.

- Eu sei – ela sorriu, sincera.

So, let me go

Ela olhou para a caixa a sua frente e sorriu. Talvez, dentro de si, quisesse fazer outra coisa, mas sorrir era o único que conseguia agora. Não iria chorar, não valia a pena.

- O que você está fazendo? – ela olhou para trás e viu sua melhor amiga ali.

- Recordando. Vendo o que ainda posso guardar e o que não.

- Vai jogar tudo fora mesmo?

- Eu não sei ainda – ela encarou a amiga que sentou ao seu lado no chão. – Foi tudo muito bonito o que a gente passou, tenho ótimas recordações. Mas eu não quero “guardar entulho” – ela fez as aspas com as mãos. – Não que eu esteja chamando tudo de entulho, mas daqui um tempo, no meu futuro, isso não vai me servir de nada. Você entende? – a amiga concordou com a cabeça. – Acho que vou deixar as fotos e algumas cartas, apenas isso.

- Acho uma boa ideia – a amiga pegou uma foto e sorriu. – Essa foi no parque, não foi?

- Uhum – ela também sorriu. – Esse dia foi mágico, essa foto vale até lugar especial – as duas começaram a mexer nas coisas.

- Você se importa de me explicar como isso aconteceu exatamente?

- Eu cansei – ela apenas deu de ombros. – A gente se amava, mas eu cansei de correr atrás e não ser dada ao valor. Eu cansei de ser aquela que está ali apenas quando a pessoa está no limite dela e lembra, sabe? Eu simplesmente cansei.

- É, você tinha que acabar mesmo com isso. Mas como você está? Seu coração?

- Doendo, e talvez doa o resto da minha vida. Mas a gente aprende a superar depois de um tempo. Não dizem que o tempo cura tudo?

Technorati Marcas: ,,

one day

Baseado no livro homônimo. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Ela olhou para ele e sorriu. Se conheciam há tanto tempo, mas não se viam a mais, então ela deixou pra lá, não valia brigar pelo sumiço dele. Ele ficou parado na porta por vários segundos e depois entrou no quarto. Ela estava tão diferente do que ele se lembrava, que chegou a doer. Não era justo, essa era a verdade.
- Achei que você nunca mais viria - ela disse com a voz falhando. - Eu esperei por você.
- Demorei, mas vim - ele estava parado frente a cama, sem coragem de se aproximar mais.
- Venha aqui, Matt, eu não vou mordê-lo.
 Matthew deu os três passos que os distanciavam. Ela deu uma batidinha na cama e ele se sentou. Assim, tão próximo, ele via como ela estava debilitada.
- Me conte sobre a sua vida, tem tanto tempo que não nos falamos.
Eles cresceram juntos, eram vizinhos desde sempre, estudaram na mesma escola, na mesma faculdade, até que Matthew fez um intercâmbio no último ano para a Austrália e ficou por lá. Eles se falavam sempre que podiam, que o fuso horário permitia, mas ela não era mais parte da vida corrente dele e vice-versa, eles sabiam disso. Não que não se falassem mais, mas não com a mesma intensidade, não com a mesma intimidade. Ele sabia que ela havia se casado e divorciado em um ano e tido uma filha no meio disso. Ela sabia que ele estava casado e sua esposa tentando engravidar há dois anos. Mas ela não contara sobre a doença, ele descobrira pelos próprios pais há um mês por um descuido deles. Isso porque ela estava doente há cerca de um ano.
- Dois anos é muito tempo, já pensou em procurar uma clínica?
- Estive pensando nisso - ele fez uma careta. - E Emily?
- Ansiosa para conhecê-lo. Você não a viu quando chegou? - ele negou com a cabeça. - Ela está em algum lugar da casa.
Os dois ficaram em silêncio por um tempo, apreciando o fato de estarem juntos, e sem saber sobre o que conversar. Ela queria agradecer pela visita, ele queria curá-la, mas antes que pudessem fazer qualquer coisa, a porta do quarto se abriu. As duas eram idênticas, Matthew se lembrava quando Rachel tinha cinco anos, mais pelas fotos do que pela memória.
- Mamãe, você acordou? - Rachel sorriu, com os olhos cheios de lágrimas.
- Sim, Emily, venha aqui - a menina foi e, cuidadosa, subiu na cama. - Esse é o Matt, lembra que eu falei dele? - ela assentiu, com uma língua pra fora. - Essa é minha pequena Emily, Matt - Rachel tentou passar a mão pelos cabelos da filha, mas não conseguiu levantar o braço. - Ela já está com cinco anos, não é mesmo, meu amor? - a menina assentiu outra vez.
- Mamãe, eu não quero ir para a casa do papai hoje.
- Tudo bem, você pode ficar comigo - Emily abriu um grande sorriso e se deitou com a mãe. - Você está com sono?
- Aham.
- Então dorme - com dificuldade, Rachel passou o braço sobre o corpinho da filha. - Ela entende bem a situação e adora o pai, mas desde que adoeci, não desgruda mais de mim.
- Deve ser difícil.
- Bastante - Rachel fez uma careta.
Os dois começaram a conversar sobre amenidades, até que Rachel percebeu que a filha já dormia. Ela pediu desculpas, e resolveu ser sincera: não viveria muito mais tempo. Então foi bom vê-lo antes que o fim chegasse, foi bom aquecer seu coração, mesmo que por um dia.
A tarde avançava lenta e, quando Rachel fechou os olhos para uma soneca, Matthew saiu do quarto a fim de conversar sobre todas as coisas sérias e não ditas da doença com a mãe de Rachel. Ela não fez rodeios, descobriram tudo muito tarde, mas ainda se agarrava à esperança, era a sua filha ali.
Quando anoiteceu e ele resolveu subir para se despedir e voltar na manhã seguinte, percebeu que a expressão no rosto de Emily era aflita. E ela era apenas uma criança para demonstrar tal sentimento. Rachel ainda mantinha os olhos fechados, mas o quarto estava completamente em silêncio, nem mesmo os aparelhos aos quais ela estava ligada faziam seu bipe habitual.
- Matt - Emily o encarou - aquela caixa é pra você - apontou uma próxima a porta. - Eu vou lá chamar a vovó, tem muito tempo que a mamãe ta dormindo - ela saiu do quarto.
Ele já sabia e não queria receber a notícia do fato, então pegou a caixa, olhou uma última vez para Rachel e foi até a casa dos pais, do outro lado da rua. Ele entrou em seu antigo quarto, sentou no chão e começou a ver o que havia na caixa. Eram apenas recordações: fotos, bilhetes em sala de aula, cartões de aniversário, cartões postais da Austrália, cartas não enviadas, guardanapos escritos... Tudo que podia descrever a vida que os dois passaram juntos. Então, em um canto da caixa, separado de tudo, ele viu um envelope novo com seu nome.
Oi - era a letra dela, muito mal feita.
Eu não tenho certeza se conseguirei escrever, então tentarei sei breve.
Não posso te privar de todas as coisas que possuo, de todos os meus pensamentos frustrados, de toda uma vida em baseada em 'ses'. Talvez eu não tenha direito de fazer isso, mas eu tenho. Eu sei que você está com a vida feita - a minha quase chegou a isso - então leia como se fosse uma história, um livro que você gostou. Aqui tem todos os meus segredos e anseios, todo o sentimento que eu nutri por você ao longo desses anos. Você sempre foi meu amigo, meu vizinho, mas eu sempre gostei de você. Não é justo eu falar isso agora, eu sei, mas sua viagem foi tão repentina pra mim - principalmente sua decisão de ficar por mais tempo quando conheceu Sophia - que talvez eu tenha enfiado os pés pelas mãos. Eu estava com trinta anos, sem um companheiro estável e descobrindo sobre o seu casamento. Minhas esperanças foram perdidas, mas agora não importa, eu tive o melhor presente da minha vida por conta disso; Emily é minha maior paixão. Sim, Matt, eu amei você durante todo esse tempo, como acontece nos filmes, sabe? Desculpa não ter falado nada sobre a doença, mas eu sei que você virá, eu esperarei te ver uma última vez. Viva sua vida e não se apegue aos 'ses' como eu fiz, é um conselho válido esse. Um dia a gente se encontra outra vez. Ele percebeu a caneta mais fraca e a letra mais garranchosa.
Tchau, Rachel.
Ele simplesmente não sabia o que pensar, não naquele momento. Seu pai bateu na porta do quarto e a abriu, completamente desolado. Então, Matthew percebeu que haviam lágrimas em seu próprio rosto. Ele só não sabia se era pela perda ou pelos 'ses'.

I have to go

- Mãe? - ela apareceu na cozinha e sentou-se à mesa, olhando a mãe frente ao fogão.
- O que foi, filha?
- Eu acho que to crescendo - a menina fez uma careta e a mãe olhou para ela no mesmo instante.
- Claro que está.
- Não, não assim - ela olhou para o chão, tentando buscar uma forma de explicar a mãe o que ela queria dizer. - Eu não gosto mais de brincar de bonecas - a mãe riu, jogando a cabeça levemente para trás.
- Isso é normal, filha. Você está começando a deixar de ser uma criança.
- Mas mãe, eu sabia que ia crescer um dia, mas eu nunca ia deixar minhas bonecas de lado! Eu fiz uma coleção, poxa! Mas hoje, eu estava olhando para todas elas e, com exceção de algumas, tive vontade de dar para alguém.
- Isso acontece, com qualquer pessoa.
- Mas não comigo!
A mãe riu outra vez. Sua filha estava, definitivamente, entrando naquela fase confusa, aquela que todas as crianças querem chegar e todos os pais querem pular. Ela era tão certa dos seus gostos e opiniões, que era um insulto agora não gostar mais do seu maior vício. Mas tudo na vida são fases, suas própria mãe dissera isso. Ela se lembrava quando era fã de uma super banda e, de repente, parou de acompanhá-la. As pessoas crescem, amadurecem, mudam as preferências. Talvez sejam assim até se tornarem velhas demais para argumentarem com si mesmas.
- Filha, pare de se importar com coisas tão... amenas. Você vai se apaixonar e desapaixonar pelas coisas com uma rapidez ao longo da sua vida, que verá que não vale a pena se martirizar tanto assim.
- Martirizar?
- Se torturar.
- Você tem certeza, mãe? Por que agora isso parece o fim do mundo.
- Agora. Olha a sua idade. Suas preocupações, por enquanto, são apenas as bonecas, os ídolos, os programas de tv. Daqui um tempo serão os garotos, a faculdade... Viva a vida, e o que tiver de ser, será.

I didn't even know

 Uma outra versão para o reencontro, um outro ponto de vista.

Ela ficou parada na porta por alguns segundos antes de tocar a campainha. Relembrou a ligação que fizera a ele e respirou fundo. Tudo daria certo, eles eram amigos além de tudo, e não eram exatamente o que poderia chamar de namorados. Lucy contou até três e apertou a campainha.
Dim dom!
- Oi – ela sorriu, tirando coragem sabe-se de lá onde, quando Ian abriu a porta.
- Oi – ele também sorriu. - Entra aí – ele deu espaço e ela entrou.
Lucy olhou em volta. Já estivera ali tantas vezes antes, mas essa era diferente demais. Mas ela se acostumaria, ela tinha que acostumar. Ele ficou parado, mesmo depois de ter fechado a porta. Estava observando-a, era simplesmente encantadora. Às vezes lembrava a ele um elfo, com seu pequeno tamanho e uma aura magnetizante.
- Vai ficar parado aí? - ela riu e ele foi para a cozinha.
- E aí, como foram esses dias que não nos vimos?
- Bons – ela largou a bolsa em cima do sofá e o seguiu. - Não nos vemos desde antes do natal? - ele assentiu com um aceno de cabeça. - Fui pra minha cidade, isso você já sabia, passei o ano novo aqui, fui no PCA, fui em Vegas semana passada...
- Você me ligou de lá, não foi?
- Uhum.
Ele ficou em silêncio. Queria perguntar por que, queria saber do namoro, queria... Ele queria saber tudo sobre ela, sobre o último mês, mas tinha receio de perguntar, como se parecesse intromissão, ou até mesmo ciúme. Ela queria falar, queria se explicar, mas não sabia como começar.
- Você...
- Eu... - os dois riram. - Pode falar primeiro.
- Não, fala você – ele lhe deu um copo de água e foi para a sala.
- Eu não posso demorar muito – não era isso que ela iria falar. - As meninas – ele sabia que ela não falava das colegas de elenco, e sim das próprias amigas fora daquele meio artístico – me obrigaram a jantar com elas hoje. Comida mexicana, você sabe que é a minha favorita.
- E você não conseguiria recusar – ela assentiu, rindo. - Que horas?
- Oito. Então acho que saio lá pelas sete e meia ou algo assim – ele olhou o relógio no pulso, mas não tinha nenhum ali.
- Vamos tentar conectar? - ela olhou para o laptop dele em cima da mesa de centro. - Eu queria mesmo conversar com você, saber das coisas que você fez, mas hoje eu realmente não posso.
- Podia ter vindo mais cedo.
- Uuh, eu sei. Mas Jack não parecia legal, então fiquei com ele o dia todo – ele assentiu com a cabeça outra vez, sabia como ela era apaixonada pelo cachorro.
- Ele melhorou?
- Mais ou menos – ela sentou ao chão, recostou no sofá e pegou o computador. - Ele começou espirrando apenas, assim que cheguei de Vegas. Achei que não era nada, uma alergia qualquer. Mas ontem vomitou o dia todo. A veterinária disse que provavelmente ele comeu algo que não devia, o que eu também achei, mas hoje ele ficou deitado na minha cama o dia todo. Então eu fiquei com ele. Acho que consegui – ela já estava logada no site com a câmera ligada. - Start record! Okay, now I have to figure out how tooooo - Ian apareceu no cantinho da câmera - find the chat. Because they cannot ask you.
Lucy continuou tentando conectar de forma que quem os visse pudesse fazer perguntas. Ela tentou uma, duas, três vezes e nada. Na quarta, ela finalmente conseguiu. Os dois responderam as perguntas, saudaram os fãs, conversaram entre si, atenderam seus respectivos telefonemas... Era a mais longa Ustream que faziam, as anteriores duraram no máximo cinco minutos. Mas a todo instante ela lembrava da reserva no restaurante mexicano. Então acabou não ficando por mais tempo, como planejara. Eles se despediram dos fãs e desconectaram a câmera.
- Então eu já vou – ela conferiu as horas no Iphone e se levantou. - Prometo que te ligo amanhã, tudo bem?
- Okay, coma muitas enchilladas por mim – ela sorriu, com um pouco de vergonha, já que aquele prato lhes traziam muitas lembranças. - E diga oi as meninas.
- Digo sim, Claire sempre pergunta por você – ele viu uma sombra nos olhos dela.
- O que foi?
- Ela ainda não gosta muito dele – Lucy enfatizou o pronome. - Diz que prefere você – ela deu de ombros. - Diz que prefere até o David, mas não ele - ele achou estranho; ela, o namorado e as amigas haviam ido à Las Vegas juntos.
- Você...
- Nós conversamos depois, eu realmente tenho que ir – ela pegou a bolsa sobre o sofá. - Eu te devo isso, eu sei, mas hoje eu não posso.
- Ta tudo bem, Lucy, você não precisa me explicar nada – ela reparou que ele a chamava como todos, que não era mais Kate como cerca de três meses atrás. - Vai lá, ou você vai ficar atrasada – ela o olhou, profundamente, mas então seu telefone tocou.
- É a minha mãe, de novo – ela suspirou. - Eu te ligo amanhã – deu uma abraço rápido e desajeitado nele, um beijo na bochecha e saiu do apartamento enquanto atendia o celular. - Hi, mom.

Happiness feels a lot like sorrow

- Oi – ela sorriu, sem saber ao certo o que fazer, apenas cumprimentá-lo.
- Oi – ele sorriu, sendo educado.
Eles não se viam a algum tempo, na verdade desde antes das festas de fim de ano. Tudo acontecera tão rápido, que ela não sabia como se portar, agora. Talvez devesse a ele uma explicação, ou talvez não. Ela estava com a cabeça a mil.
- Lucy! – ela se virou e Troian vinha em sua direção. – Que saudade! – elas se abraçaram fortemente. – Vem comigo, você tem que me contar tudo nessas férias! – Troian já a puxava em direção aos camarins, então o viu. – Oi, Ian! – ela disse alegre e continuou puxando Lucy. – Oh my gosh! – Lucy riu. – Você parece menor – ela não sabia exatamente o que falar com a amiga.
- Se eu diminuir mais, daqui a pouco vocês não me enxergam – Lucy deu de ombros.
- Algo assim – Troian abriu a porta do camarim delas que era junto. – Por favor, me conte tudo sobre esses dias que não temos nos visto!
Lucy fez uma careta e olhou em volta; Ashley e Shay ainda não estavam ali. E, por mais que ela fosse amiga de Ash há anos, ainda se sentia mais segura com Troian. Talvez porque ela fosse mais velha e pudesse dar um conselho mais vivido sobre as coisas que Lucy contava.
- Fui pra casa, passei o natal lá…
- Eu sei disso! Quero saber das coisas depois do ano novo, depois que nos falamos pela última vez.
- Você quer saber como tudo aconteceu – Lucy sentou no sofá que havia ali. – Eu não sei – Troian revirou os olhos. – Nós começamos a conversar sobre o seriado, acho que me empolguei demais no começo, talvez ele também, até que saímos juntos. Ele é perfeito, sabe? – ela disse, sonhadora.
- Mas…
- Saímos algumas vezes, tudo muito escondido. E conversávamos muito por telefone, ou skype. Até que ele disse que gostava muito de mim e queria que as coisas ficassem sérias. Eu aceitei, nós fomos pra Vegas e depois disso, se tornou público, e você já sabe tudo.
- Eu não esperava, sério – Troian parecia analisá-la. – Eu achei que você e Pretty Eyes
- Até um momento eu também achei – Lucy admitiu. – Mas nós não damos certo juntos, Troian, você sabe disso. E foi melhor nunca admitirmos, se terminássemos depois, como seria a repercussão com os fãs?
- Mas você gosta dele, Kate – Troian a chamava assim apenas quando estava realmente preocupada.
- Uma vez, uma amiga me disse que eu sou uma típica adolescente: me apaixono por quem está perto, por quem mais convivo. Talvez ela tenha falado sério. Nesse tempo que ficamos longe, que não nos falamos, eu me apaixonei por outro.
- É diferente. Eu vejo como você olha para Ian, como você fala dele… Não era assim com Alex – ela mencionou o ex de Lucy.
- Eu estou namorando Chris agora e estou feliz.
- Vocês não conversaram ainda, não é?
- Talvez isso acontecesse cinco minutos atrás, mas você interrompeu – as duas riram. – Eu devo uma explicação a ele, of course, mas… – e Lucy foi interrompida quando as outras duas amigas entraram no camarim. Troian apenas a olhou intensamente e a conversa se deu por encerrada.

Tonight I want all of you tonight

♫ I don't need to try to control you / Look into my eyes and I'll own you / With them moves like Jagger / I've got the moves like Jagger ♫

Ela dançava no ritmo certinho da música, todos os homens observavam isso. Ele sorriu de canto. Não sentiria ciúmes, dava direito a todos poderem observar sua beleza. Era só não encostarem nela e tudo estava bem. Ela o viu e dançou encarando-o, com um sorriso nos lábios também. Às vezes ela fazia um biquinho e ele ia à loucura. O que Katherine falava sobre Samantha? Algo como “você seduz todos os homens com seus trejeitos.” Era verdade. E por falar em Katherine, ela e Michael estavam atrasados.

- Você dança muito bem, sabia? - ele se aproximou e falou no ouvido dela devido ao barulho.
- Obrigada - ela sorriu, entendendo o jogo dele.
- Está acompanhada? - ela fez que não com a cabeça, então ele passou uma mão pela cintura dela.
- Samantha, a propósito.
- Johnny - ela sorriu, fazendo um aceno com a cabeça.
- Isso é bom? - ela indicou a bebida dele e ele assentiu. - Eu pediria um pra mim, mas acho que demoraria demais.
- Pode ficar com o meu - ele ofereceu.
- Não, obrigada - ela fez uma pausa. - Só quero provar - e então ela o beijou.

Johnny, ou apenas John, sorriu na boca de Samantha. Ela era única, e incrível também. E como ele a amava, meu Deus! Se Katherine e o namorado não aparecessem em cinco minutos, ele sairia dali e levaria a namorada consigo.

- Você está linda, sabia?
- Uhum - ela sorriu, dançando no ritmo de outra música. - Você também.
- O que você acha de sair daqui?
- Mas... - Samantha olhou em volta. - E Kath e o namorado dela?
- Você nem gosta dele, Sam. Nós podemos dar a desculpa de que eles atrasaram.
- Mas Kath com certeza vai me ligar.
- Okay, se você quer ficar - ela não respondeu, apenas voltou a dançar.

♫ Oh, sometimes I get a good feeling, yeah / I get a feeling that I never never never never had before, no no / I get a good feeling, yeah ♫

Samantha continuou dançando, agora Johnny apenas observava, se balançando um pouco para não ficar parado. Não adiantava, ele sempre se encantava ao vê-la mexer os quadris, e ela era uma grande fã de boates. Ele foi pegar outra bebida e encontrou com Katherine e Michael no meio do caminho. Eles perguntaram por Samantha, John indicou e eles foram até lá enquanto ele ia ao bar. Agora seria impossível sair dali.

- Vocês demoraram - Samantha retrucou ao dar um abraço na amiga.
- É, eu demorei um pouco para arrumar - Katherine respondeu. - Você está linda - Samantha apenas sorriu ao dar um beijo no rosto de Mike.

Não tinha como conversar muito, o barulho no ambiente era alto, então eles optaram apenas por dançar. Ou pelo menos as mulheres optaram. John e Mike ficaram conversando, um pouco mais afastados e observando suas respectivas namoradas, mesmo que John tivesse uma pequena aversão pelo namorado de Kath, criada por Samantha.

Já passava de uma da manhã, quando ele se aproximou da namorada mais uma vez. Talvez agora conseguisse sair dali com ela, não havia desistido disso.

- Agora você vai comigo?
- Já? - ela queria ir, mas estava tão divertido ali.
- Nós podemos fazer nossa própria festa, se você quiser.
- Eu quero, mas... - ele a beijou, sem deixá-la terminar de falar. - Okay, nós vamos.
- Eu vou pagando a conta, você se despede deles?
- Você não vai fazer isso? - ele negou. - Okay, te encontro no caixa então - ele a beijou mais uma vez e ela foi falar com a amiga. - Kath, já vou. Acho que John bebeu demais e está passando mal.
- Onde ele está?
- Foi pagar para irmos mais rápido, pediu desculpas.
- Tudo bem - Kath sorriu. - Você está bem para dirigir?
- Estou, não bebi hoje. Nos vemos depois - ela se despediu dos dois e foi atrás do namorado.

Ele já estava na porta, ela penas entregou sua ficha vazia para poder sair e o fez. John a entregou a chave do carro e os dois foram caminhando lentamente até o veículo, entre risos. Não sabiam exatamente do que riam, mas apenas aquela sensação já bastava.

- Casa? - ela perguntou ao sentar atrás do volante.
- Casa - ele colocou o cinto de segurança.
- O que foi? - ele a observava, calmamente.
- Eu te amo - Samantha sorriu. - Eu te amo muito.
- Eu também te amo muito - e ela deu a partida.
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