as alegrias serão de todos

- O que você está fazendo? – ele chegou perto dela, por trás. Ela apenas tampou com a mão. – O que é isso?
- Meus pedidos para o novo ano. Você já fez os seus?
- Isso é coisa de mulherzinha, Sam – ela ergueu uma sobrancelha. – Eu sou homem, homens não fazem isso.
- Ta bom, John – Samantha riu. – Tomara que os meus pedidos que te incluem sejam bons – ele riu também, ao sentar na cadeira ao lado dela.
- O que é isso aqui? – ele apontou um pedido específico, quase no fim da lista, e riu. – Você está pedindo um namorado novo para Katherine?
- Estou – ela riu também. – Eu não gosto do namorado dela, e nem ela! Kath só não descobriu isso ainda.
- Você é única, Sam – ela sorriu. – O namorado é dela, você não tem que interferir nisso.
- Eu sei, vou mudar o pedido então – ela pegou uma borracha e desmanchou. – Assim está bom? Que o namorado da Kath seja mais sociável.
- Menos pior.  E esse pedido aqui? – John apontou para um mais acima na folha. – Isso faz parte daquela lista sua, não? – ela assentiu com a cabeça. Samantha havia feito uma lista de coisas para a vida depois que vira um filme de cachorro. – Isso é um pedido para o próximo ano?
- É, mas não quero que isso te apresse, te amedronte, ou sei lá. É só que eu acho que talvez esteja na hora.
- Tem certeza disso?
- Tenho. Se você tiv… – John levantou. – Aonde você vai?
- Deixar você terminar sua lista, são os seus pedidos.
- Ta tudo bem? – ele fez que sim com a cabeça. – Vai fazer os seus pedidos, não é mulherzinha? – ele apenas riu e foi para o quarto.

Listen to your heart



- O que você está olhando? – ela me perguntou, de repente.
- Só as casas em volta – respondi, sem tirar os olhos da janela. – Sabe, Kath, acho que estou me tornando uma adulta – me virei para ela.
- Por que diz isso? – ela me respondeu sem tirar os olhos do trânsito.
- Não importa em que meio estou, vejo uma casa que me parece aconchegante e já me imagino lá dentro. Cada móvel no seu lugar, a cor das paredes, o cheiro na cozinha, eu andando por lá...
- Talvez esteja na hora de sair de casa.
- Pode ser, mas não é dessa forma – eu não sabia como explicar. – O meu cantinho, com ele, sabe? E tudo do meu jeito, como sempre quis que lá em casa fosse.
- Talvez você esteja se tornando uma adulta, Sam – sorri, e ela também. – Talvez você esteja pronta para esse passo, mesmo que isso inclua muitas outras coisas que seus desejos não mostram.
- A vida foi feita para arriscar, certo? – ela concordou com um balanço de cabeça. – Mas eu não tenho como sair de casa agora, Kath. Arrumar um lugar sai muito caro, e eu não tenho esse dinheiro – a realidade é dolorosa, as coisas nunca são como vemos nos filmes. – E nem ele.
- Talvez esteja na hora de você parar de brincar de casinha.
- É, talvez - voltei a olhar pela janela do carro.
Ela sempre disse isso de mim, como se minha vida toda fosse uma brincadeira. Mas eu não tenho culpa se sempre gostei de me divertir, em tudo. Não tive culpa quando escolhi minha faculdade e desisti no meio do curso, acho que esse sempre foi o ponto principal da brincadeira.
- Olha que gracinha – apontei sorrindo, uma criança por volta dos três anos atravessando a rua com a mãe que tinha um barrigão enorme.
- Como eu disse: parar de brincar de casinha – emburrei e cruzei os braços sobre o peito.
Isso também é brincar de casinha pra Kath: ter filhos, constituir uma família. Não que ela nunca queira, mas é que na nossa idade ela acha. Não é uma brincadeira, é só o meu maior sonho: ser mãe. Acho que desde que eu era uma adolescente com idade suficiente para entender todas as responsabilidades que um filho acarreta, eu queria o meu. Mas eu também não sou burra de engravidar agora, com um curso novo praticamente no início, morando na casa da minha família, sem um emprego realmente estável e solteira. Não que ter filho dependa de marido pra mim, mas eu escolhi o meu namorado a partir do momento que eu vi que era pra sempre.
- Samantha, a sua hora vai chegar, você só tem que correr atrás e esperar. Rimou – ela deu uma risadinha.
- E você, Katherine, o que quer da vida? Ta virando uma adulta como eu – ri.
- Não assim – ela fez um muxoxo. Fiquei esperando que continuasse. – Eu quero terminar a faculdade, começar a trabalhar e me estabilizar. Aí então eu vou procurar a sua principal felicidade.
- Sonhos diferentes, só isso – dei de ombros. – Eu quero terminar a faculdade também, ouviu? Trabalhar, ganhar um bom dinheiro que dê para pagar as minhas coisas... Mas não é a minha prioridade.
- Eu sei – ela disse em tom de censura. Mas eu não me importei, pra mim o que importa na vida é ser feliz. E eu estou, e ficarei ainda mais, do meu jeito, com os meus sonhos.

Nothing Compares 2 U

Belo Horizonte, 02 de novembro de 2011.

Oi, minha pequena, como você está?
Nossa, tanto tempo que eu não escrevia assim, diretamente a você. Normalmente são nos meus sonhos, como agora, mas é que no último eu não fiz isso, nem lembro mais o motivo. Mas enfim, acho que dessa vez será algo mais curtinho, e um pouco diferente.
Sabe, acho que as coisas estão começando a mudar, ou talvez sejam fases, eu ainda não tenho certeza disso.
Mas é que, apesar de todo o meu carinho por você, eu não senti sua falta, eu senti foi a falta do seu abraço, aquele tão gostoso que recebi certa vez e não acredito que terá uma segunda. Não sei mais o que é pior, se era a incerteza de tê-lo algum dia ou a de repeti-lo.
Parece que minha "obsessão" (acho que podemos chamar assim) não é a mesma de antes. Mas não se preocupe, você sempre terá um lugar especial aqui, mas acho que agora está ficando no seu devido lugar, não ocupando o espaço todo.
Você me entende, pequena, e isso é tudo que importa pra mim.

Te amo, para sempre, com todo o meu coração.
Beijos e até o próximo sonho.

Hope you don't mind, if you stay by my side

Acho que essa foi a última coisa que escrevi sobre os dois. E isso já tem um mês e meio. É estranho, para mim que sempre, o tempo todo, estava escrevendo algo sobre os dois, principalmente na realidade deles. Eu não sei o que aconteceu, mas parece que houve um bloqueio. Eu pensei em continuar isso aí, desde o dia 28 passado que penso em algo, mas simplesmente não flui. Eu não sei como será daqui pra frente, eu até pensei em não mostrar isso pra ninguém, mas hoje li algo antigo que me fez lembrar os dois. Esses que já não estão no meu pensamento todos os dias. Às vezes tento me perguntar o que está havendo, mas não obtenho respostas. Então vou vivendo cada dia de cada vez, sem me importar muito. Ou pelo menos tento. Enfim, aproveite, assim como eu aproveitei quando escrevi cada letra, cada sentimento e toda a minha imaginação.

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- Alô? - ele acordou com o toque do celular, então sua voz era rouca. - Alô? - disse mais uma vez já que ninguém respondera. Estava pronto para xingar quando ouviu uma leve respiração do outro lado da linha. - Oi, Dulce.
Ela achou que a voz dele estaria mais irritada ao pronunciar seu nome. Primeiro porque o acordara, segundo porque era ela. Haviam se falado há tanto tempo desde a última vez, e fora tão desastroso, que ela esperou pedras na mão dele. Não havia flores, tampouco, era mais como uma bandeira branca de rendição.
Então ela começou a apreciar o som da voz dele pronunciando seu nome. Ela sentia falta disso, de como ele o dizia e mais ninguém fazia igual. Ela sentia falta dele, essa era a verdade. E ainda achava incrível como ele conseguia saber que era ela, por uma respiração apenas. Ou talvez ela fosse a única que ligasse de madrugada.

Fade Away

Oi. To pra passar aqui há dias, e só venho adiando. Mas resolvi vir hoje. Não vou escrever sobre nada do que eu queria, ou talvez tenha um pouquinho, não sei. É só que... hoje eu fui reler um post do outro blog e um post de outra pessoa que poderia ser uma resposta para ele indiretamente, e não me senti bem. Não sei se foi por minha causa, por causa dessa pessoa, se foi pelas duas coisas... Apesar de toda história dos dois posts, acho que não é isso que me deixa pior. Pensando bem agora. É só que em algumas coisas, eu não me reconheço mais. É como se eu fosse outra Ágatha, nem que seja por alguns momentos. Covarde algumas vezes. Mais tímida do que já pensei ser. Me importando com a opinião dos outros. Eu não era assim. Eu falava o que eu queria, eu era sincera sempre, mesmo que isso machucasse as pessoas. Reservar para mim mesma? Pra quê? Isso só me machuca mais. E quem me conhece, sabe que eu falo as coisas, que eu não escondo. Não é motivo para quem quer que seja ficar com raiva de mim ou algo assim. É só, como eu acho que disse no primeiro post daqui, eu já não sou mais a mesma. Eu ainda não sei se essa mudança é boa ou não. Esqueçam, esse blog não é para me lamentar ou algo assim.

Chasing Pavements

Okay, aqui estou. Ainda estou tentando definir o que é isso tudo, mas nem eu mesma sei. Há tempos eu quero mudar meu blog, mas nunca sei ao certo o que fazer. O design nunca parecia ser o suficiente. Então fiz uma loucura, como quando eu costumava criar noas webnovelas sem ao menos ter ideia de como iria terminar as já existentes. Eu pensei em deletar o blog, assim como eu às vezes tenho vontade de fazer com as webnovelas, mas eu não teria coragem de jogar aquilo tudo fora. Foram mais de dois anos lá. E eu ainda não tenho certeza se vou acabar com ele, se nunca mais postarei lá ou algo assim. Eu não sei de nada. Um dia, quando procurei um blog, que eu frequentava assiduamente, e não o encontrei, quase entrei em pane. Fui lá falar com a autora dele e ela disse algo como (não vou lembrar as palavras exatas) querer mudar. Agora, depois de recriminá-la um pouquinho e dizer o quão doida foi, eu a entendo, pois penso o mesmo. Esse blog de agora é mais pra eu tentar me encaixar no meio que vivo. Não sei, mas cada vez mais eu me sentia afastada dos posts do outro lá. (http://seguirsonando.blogspot.com/) Já que eu não sei mais quem sou, pensamentos que tinha antes foram substituídos por outros, na maior parte das vezes me sinto um peixe perdido no oceano, eu resolvi criar isso aqui para eu me encontrar. Quem sabe consigo? Daqui a pouco estou criando um blog para cada época da minha vida e com um título em uma língua distinta da minha (haha). Mas enfim, estou aqui apenas me explicando para os antigos e para os novos. Não sei se terei leitores e comentários mas, no fim, eu gosto de escrever para mim mesma. Beijos e inté. Prazer, ou olá de novo.
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