Maybe.


- Alô? - Alfonso falou completamente drogue. Havia acabado de chegar em casa e estava começando a pegar no sono.
- Oi - Dulce estava alegre, por incrível que pudesse parecer. - Te acordei, como sempre?
- Algo assim - ele esfregou os olhos e levantou da cama, deixando a namorada dormir tranquilamente. - Eu praticamente acabei de chegar do aeroporto.
- Onde você estava? - ela queria saber por que ele não atendera na primeira ligação.
- Colômbia - ele falou como se fosse óbvio. - Tudo bom?
- Você sabe que dia é hoje? - a voz dela era alta. Alta demais.

Probably.


Ela estava sentada no sofá, jogando Candy Crush  no celular e pensando como poderia estar na Itália em uma hora dessas. A vida estava tão diferente do que esperava quando chegasse àquele ponto, que ela só queria se isolar por um tempo. Mas seu aniversário era amanhã e sua mãe sempre fazia questão de estar em casa para parabenizar a filha caçula desde a hora de acordar, como fazia há 27 anos.
O celular apitou de repente, fazendo o jogo travar e fechar, e Dulce disse um palavrão antes de abrir a notificação. Era uma felicitação de aniversário. Ela fechou a cara no mesmo instante. Seu aniversário ainda não tinha chegado. E era ele mandando. E ele não a chamara de barrilete como vinha fazendo há anos, apenas de ardilla.

Am I crazy?


Ela pegou o telefone e resolveu ligar, toda aquela ansiedade a estava matando.
- Oi, Dulce - ele atendeu o telefone com a voz rouca.
- Oi - a voz dela era baixa. - Tudo bem?
- Com sono - ele riu, drogue. - São quantas horas?
- Por volta de duas.

Eternity


- Quantos problemas de cabeça você tem, Ana Luísa? - foi a primeira coisa que ele disse assim que ela atendeu o telefone - Eu estou namorando, sabia?
- Do que você está falando, Daniel?
- Ainda se faz de ingênua - ele tinha total ironia na voz, ela podia até mesmo imaginar um sorriso junto. - Você tem falado umas coisas que…
- Espera aí. O que eu falei e onde eu falei?
- Você sabe do que eu estou falando - ele era completamente sério dessa vez.
- Quem te garante que sou eu? - ela riu.
- Abre a porta, Ana, eu estou aqui fora.

Eventually.


- Alô? - a voz dele era um pouco grogue. Ninguém respondeu do outro lado da linha, mas só pela respiração ele já sabia quem era. - Oi, ardilla.
- Oi - ela criou coragem para dizer. - Parabéns.
- Obrigado.

Quando tudo muda.


Ela estava deitada na cama, talvez dormindo, ele não sabia ao certo. A passos lentos, Guilherme se aproximou. Ele sorriu. Naquele instante ela  era a mulher que viu caminhar pela praia assim que chegou à cidade, tantos anos antes. Agora ele se lembrava, já haviam se encontrado antes de todo aquele império, antes da cidade inteira - ou até mesmo o estado - ficar entre os dois. Pensando bem, ela ainda não era uma mulher, parecia mais uma menina frágil e delicada naquela época.
Rachel resmungou alguma coisa e se virou. Aos poucos ela abriu os olhos, ainda sonolenta. Já pensando na entrevista do dia seguinte e qual roupa vestiria, ela percebeu que encarava as pernas de alguém. Em um pulo para trás, ela identificou Guilherme ali.

Sorrisos, anjos e três palavras.


- O que você está fazendo aí? - Samantha perguntou a Johnny.
- Só te observando. Acho que é a primeira vez que te vejo parada, sem pensar no casamento, nos preparativos e nada relacionado a isso.
- Como você sabe que eu não estou pensando nisso?
- Te conheço, Sam - ele balançou os ombros.
Samantha sorriu. Realmente ele a conhecia muito bem. Talvez mais que ela mesma.

Quando o passado se transforma em futuro.


O tempo revela todas as respostas dentro de cada um.

- Oi - ela se virou para a voz que a cumprimentara.
- Oi, Daniel - e ele sorriu, saboreando seu nome na voz dela.
Ele a observou mais atentamente, absorvendo cada detalhe do rosto delicado.
- Você sempre faz isso quando nos vemos - ela desviou o olhar dele. - Como se quisesse gravar na sua mente como estou para os próximos meses, ou até anos, que ficaremos sem nos ver.
- Para não esquecer como você é.
- Hum - ela não gostou de saber que poderia ser esquecida.

This is not the right day


Ela fechou os olhos enquanto deslizava aquele papel enrolado pelos lábios e tragava calma e lentamente. Oh, como fazia falta, como ela necessitava daquilo! Ficou a admirar o sol maravilhoso que se punha por trás da praia, entre aquelas árvores e respirou fundo enquanto sentia uma leveza pelo corpo. Se perguntou se tinha algo mais forte em casa, ela estava tão necessitada! Oh, leve ironia, não era essa a promessa feita quando havia saído de casa, ela não estava ali por mais, muito pelo contrário. Uma lágrima escorreu por seu rosto de repente e ela engoliu o choro que viria, soltando apenas um soluço. Ah, Ryan, por que fez isso comigo?, pensou. Se virou para o mar que brilhava mais agora e deixou o sol aquecer seu rosto levemente, dando a sensação de flutuar dessa vez, um pouco que fosse.

There's just too much that time cannot erase


Ela olhou em volta e riu com a bagunça. Cuidar de uma criança era muito mais difícil do que pensara. Principalmente sua sobrinha, que já era uma peste. Por que diabos disse que passaria o dia com a menina? Por que a amava, e por mais que fosse bagunceira, nada disso importava. Ela suspirou fundo, e se perguntou quando sua vida chegaria o mais próxima da da irmã.
- Clara, vem aqui.
- Mas agora é a Galinha Pintadinha, titi Dulce! - a menina ainda não havia completado seus 4 anos, mas já era uma tagarela. - Você vai cantar comigo?
- Eu vou preparar o almoço, o que você acha? - a menina fez uma careta e se virou para a televisão outra vez.

How to feel about it

 
Ele olhou para o lado e sorriu. Ela dormia serena, encostada nele.
- A sua cara - a mulher, sentada do outro lado do corredor do ônibus, disse de repente.
- É o que todos dizem - ele continuou sorrindo.

I'm feeling good

 
- Você... – ela respirou fundo, tentando entender aquilo. – Você precisa ir embora, Ian.
- Você está falando sério?! – ele a encarou. – Agora?
- Sim, agora – ela virou o rosto. – Minha mãe deve chegar e...
- E ela não pode me ver aqui, tudo bem – ele se levantou.

Like a Star


- Você, por um acaso, sabe que dia é hoje? - ela perguntou do outro lado da linha assim que a amiga atendeu.
- Claro que eu sei, dãl - Bárbara riu. - Como eu poderia esquecer, Alice?
- Sei lá, às vezes eu esqueço - Alice se desculpou.
- Isso é porque você tem aversão à essa data maravilhosa.
- É, pode ser - ela pensou por um momento. - Feliz aniversário.

Verdades que você nunca quis escutar




Era complicado entrar com ele ali, era a primeira vez que fazíamos isso e provavelmente a última. A casa estava a mesma coisa que nove meses atrás quando eu vim, e dei graças por termos dinheiro, aquilo ali tudo não teria utilidade alguma. Me perguntei como faríamos já que tinha o quarto que seria nosso, um para Analú e um sobrando, eu o colocaria para dormir em qualquer lugar que não fosse comigo. Fui até a cozinha e sorri ao ver mantimentos ali, ele deve ter mandado alguém abastecer também além da limpeza.

- Não quero, mamãe – Analú reclamou assim que me aproximei com um prato nas mãos.
- Mas tem que comer, senão não agüenta o pique do mar.
- Mas macarrão?
- Filha, nós acabamos de chegar completamente cansados, foi a comida mais rápida que pensei em fazer – ela deu de ombros. – Está gostoso, vai?
- Eu não sinto o gosto de nada mesmo – passei a mão por seu rosto e lhe beijei a testa.
- Por pouco tempo, se tudo der certo no começo do ano que vem você já vai estar legal – ela assentiu e comecei a lhe dar de comer.

Ela acabou comendo tudo e quis logo correr para o mar. Coloquei um biquíni azul em nós duas e sentei com ela embaixo da sombrinha que Poncho já havia colocado em frente toda aquela imensidão azul. Ela não queria ficar quieta, queria sair correndo e entrar na água, mas não dava, não no horário que estava.

- Tem que passar o protetor, fadinha.
- É melequento – ela fez uma careta.
- Mas essencial. E não pense você que já vai correr para a água, só mais tarde.
- Por quê?
- O sol ta muito forte, Analú, não é bom para nenhuma de nós duas – ela fechou a cara. – Você mesma passa na sua cabeça? – ela não gostava muito que tocassem, além de mim.
- Passa pra mim? – sorri enquanto assentia e passei o protetor ali. – Mamãe, já passou na barriga? – ela olhava com aparente curiosidade.
- Ainda não, mas vou passar.
- Posso? – ela abriu um lindo sorriso e assenti outra vez. – Vai crescer um tantão, não vai? Igual da dinda?
- Não, igual da tia Mai quando teve a Mel e a Gio, você lembra? – ela fez uma careta.
- Só um pouquinho.
- Vai ficar grandona, isso te garanto. Já está dando pra ver e eu só estou no terceiro mês. Quando eu engravidei de você, seu pai só foi descobrir no sexto.
- Você não ficou com ela grande?
- Não, você era bem pequenininha, muito mesmo. E ainda é – lhe pincelei o nariz.
- Você também é pequena, bate no ombro do papai.
- É, eu sou bem pequena. Talvez você tenha puxado isso de mim.
- O que as mulheres da minha vida estão fazendo? – Poncho chegou de repente e sentou ao nosso lado. – E esse nariz sujo de protetor? – ele passou o dedo pelo nariz dela e limpou.
- Mulheres da sua vida? – arqueei uma sobrancelha e ele assentiu; cachorro.
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