- Você... – ela respirou fundo, tentando entender aquilo. –
Você precisa ir embora, Ian.
- Você está falando sério?! – ele a encarou. – Agora?
- Sim, agora – ela virou o rosto. – Minha mãe deve chegar
e...
- E ela não pode me ver aqui, tudo bem – ele se levantou.
Com os olhos marejados, ela o viu levantar da cama. Mesmo
com um grande conflito interno, Lucy não podia deixar de admirá-lo nu. Era...
Perfeição, era como ela o definia. Ele pegou suas roupas no chão e se dirigiu
para o banheiro. Ainda bem que o quarto de Lucy era suíte, andar pela casa não
era uma opção.
Ela sentou na cama e cobriu os seios com o lençol enquanto
ouvia o chuveiro ser ligado. A vida secreta que levava não era fácil: namorar o
co-star, fingir que nada acontece...
Ela estava ficando esgotada. E agora, somar ao fato de estar apaixonada, era
mais estressante ainda. Lucy respirou fundo, engoliu as lágrimas e se levantou.
- Eu não sabia que ia ser tão difícil assim – ela entrou no
banheiro, mas ele estava de costas e a ignorou. – Das outras vezes não foi –
ela entrou dentro do box. – E acho que se você não me ignorasse, podia ser
melhor – ela espalmou as mãos nas costas dele. – Ou não.
- Você praticamente me expulsou. Posso fazer um drama por
isso.
- Pode – ela riu e ele se virou. – Mas eu tive motivos.
- Sua mãe chegar? Você já é adulta, Lucille – ele a chamava
assim de propósito, sempre para provocá-la – ambos esboçaram um sorriso. – O seu
cabelo vai molhar – ela deu um nó malfeito nele. – Esse sabonete é muito
cheiroso – Ian colocou um pouco na esponja e esfregou as costas dela.
- Você vai ficar com o meu cheiro. De mulher, você sabe.
- Então quando eu deitar, vai parecer que você está comigo
ao fechar os olhos.
- Fica então – ela o encarou. – Vai ser real.
- Mas você acabou de dizer que... Qual é o problema, Lucy?
Ela fechou os olhos e molhou o rosto – de forma que não
molhasse muito seu cabelo – para que ele não visse as lágrimas que tanto
tentara segurar. Sua cabeça estava uma bagunça, aquele aperto no peito, a
vontade de chorar, a falta dele... Tudo era forte demais, muito mais forte do
que ela já sentira em qualquer relacionamento. Até mesmo com David, que ela
sabia tê-lo amado de verdade. Talvez se ela colocasse para fora, amenizasse um
pouco.
- Eu amo você, Ian – ela abriu os olhos, ainda embaixo da
água. – E isso está me matando.
Ele apertou os lábios para reprimir um sorriso e a abraçou,
não importando que agora o cabelo dela estava realmente molhando. Enquanto ela
encarava o peito dele, deixou-se chorar, mas de forma calma, para ele não
perceber. Quando percebeu que ele desfaria o abraço, ela passou a mão no rosto
e engoliu seco.
- Isso tudo por isso? – ele perguntou.
- Não é isso. É... – ela repirou fundo e piscou lentamente. –
Eu já amei, eu já amei muito, Ian. Mas ninguém me fez sentir como você faz. Não
estou falando da felicidade por isso,
estou falando da minha cabeça.
- Explique-se – ele ainda segurava o riso e ela pensou por
alguns segundos antes de responder.
- Eu me sinto sufocada. Eu tenho vontade de chorar. De
gritar também – ela tentava enumerar sem realmente fazê-lo. – De fugir.
- Eu também amo você, Lucy – e ele a calou com um beijo,
entendendo perfeitamente o que ela queria dizer.
<3
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