How to feel about it

 
Ele olhou para o lado e sorriu. Ela dormia serena, encostada nele.
- A sua cara - a mulher, sentada do outro lado do corredor do ônibus, disse de repente.
- É o que todos dizem - ele continuou sorrindo.
- Ela tem quantos anos?
- Seis - ele disse orgulhoso.
- Faço sete semana que vem, papai - ela abriu um olho, mostrando que estava acordada.
- E vai ter uma festa linda, não é mesmo?
- Uhum - ela se sentou corretamente no banco, ignorando a mulher que ainda a observava. - Vai ter um tanto de coisas gostosas e legais, não vai?
- Vai sim.
- Vai ter piscina de bolinha?
- Vai.
- E algodão doce?
- Também.
- E o bolo?
- Vai ter isso tudo, filha.
- Como você sabe? Você não foi com a mamãe escolher as coisas.
- Mas ela me contou - a voz dele tinha um leve tom de tristeza.
- Papai, quando eu acordar, você vai levar o café da manhã na cama igual das outras vezes?
- Esse ano não, filha.
- Por quê?
- O papai não mora mais lá, esqueceu?
- Volta pra casa, papai.
- Meu bem, - ele a encarou profundamente - um dia você vai crescer e entender isso melhor. E espero que nunca tenha que passar por isso.
- Eu vou falar com a mamãe - suas feições eram como de um adulto. - Não é a mesma coisa quando acordo primeiro e você não está lá pra eu fazer cosquinha igual você faz em mim.
- Você pode fazer quando vai lá em casa.
- Mas não é a mesma coisa, papai - ela cruzou os braços. - Pode deixar que eu falo com a mamãe.
- Okay - ele sorriu, com a inocência da filha.

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