I will start living today


Ultimamente, na maior parte do tempo, Letícia ficava se olhando no espelho. Ela não queria perder nada, nenhum centímetro a mais na barriga ainda lisa. O pré- natal começaria naquele dia e ela estava ansiosa demais. Nos primeiros dias depois da descoberta, tudo que Letícia sentia era medo: medo do futuro, medo de começar a amar aquele ser dentro de si, medo de que Gustavo mudasse de opinião e saísse correndo. Porém, agora ela já se sentia animada, e o ser se tornará um bebê, o seu bebê.
- Cheguei! - ela escutou a voz de Gustavo vinda da sala. - E nós já estamos atrasados!
Letícia riu com o tom nervoso dele e pegou a bolsa para irem até a clínica. Todo o trajeto foi feito praticamente em silêncio, cada um absorto em seu pensamento.
Depois da médica esclarecer todas as dúvidas do casal, passar todas as vitaminas e recomendações, chegou a hora do ultrassom.
- Você sentirá um pequeno desconforto, Letícia, é só relaxar. Ainda é um pouco cedo para escutarmos o coração.
- Nada nada, doutora? - Gustavo perguntou.
- Praticamente isso - ela tentava achar o melhor ângulo. - Aqui está seu bebê - ela apontou para uma forma na tela.
- Esse... esse ponto?
- Ele mesmo - a médica abriu um sorriso e congelou a imagem. - Eu diria que você está por volta de oito semanas de gravidez.
- É, algo assim - Letícia concordou sem tirar os olhos da tela.
- Eu vou deixar vocês sozinhos um pouco - e ela se retirou da sala.
Letícia segurava a mão de Gustavo e a apertou. como quem diz: olha, é o nosso filho. Gustavo apenas sorriu, emocionado. Ver a imagem tornava tudo mais real, muito mais que a médica chamá-los de papais. E ele podia jurar que o barulho que escutava era o coração do bebê.
- Nem dá pra acreditar que aquele pontinho é um bebê, parece um amendoim.
- Para de falar besteira, Letícia.
- É a verdade - ela deu de ombros. - E ele é nosso. Isso é meio surreal.
- Um pouco, mas é de verdade.
- Preparado para isso?
- Na medida do possível. Acho que eu poderia ficar aqui olhando para ele pelo resto da vida.
- Eu também.
Depois de alguns minutos, Gustavo perguntou:
- Preparada para contar?
- Ainda não. A gente pode esconder por mais um tempo, pelo menos até acabar o primeiro trimestre.
- Okay.
- Um bebê, Gustavo.
- Aham.
- Nosso bebê - ela olhou para ele que correspondeu.
- Nosso bebê, pequena - e ele lhe deu um beijo na testa.

2 comentários

Layout por Maryana Sales - Tecnologia Blogger