Eventually.


- Alô? - a voz dele era um pouco grogue. Ninguém respondeu do outro lado da linha, mas só pela respiração ele já sabia quem era. - Oi, ardilla.
- Oi - ela criou coragem para dizer. - Parabéns.
- Obrigado.
Ambos ficaram em silêncio por algum tempo.
- Feliz aniversário, todas essas coisas boas...
- Obrigado.
- Te acordei?
- Não exatamente.
- Fui a primeira?
- Você sempre é - ele sorriu, e ela também.
- Ela não está aí? Ela não te desejou primeiro?
- Ela está tomando banho.
- Ah - e ambos gargalharam. - Como estão os trinta?
- Uma ruga a mais? Não sei, ainda não olhei no espelho.
- Chato.
- Você é mais.
- E sou mesmo.
- Como você está?
- Bem, e você?
- Bem também.
- E como, ela até está no banho.
- E eu te pergunto onde ele está.
- Em casa, eu acho. Não sou dona dele para saber cada passo, e hoje é quarta-feira ainda.
- Quase vinte e oito e a sua mãe ainda tem esse poder de finais de semana com você?!
- Claro que não, você é doido? Mas hoje não era o dia, seria como se eu te tra... Te traísse - ela arriscou dizer assim mesmo.
- É, eu sei como é. São duas datas. Pra cada um.
- Exatamente. Principalmente o 18, esse é o pior. Posso te confessar um segredo? Antes que ela saia do banho.
- Claro que pode. Eu não me importo com os seus segredos, mesmo que eles façam uma reviravolta na minha cabeça. Eu gosto deles.
- Eu queria estar aí. Te desejar tudo pessoalmente. E eu não estaria tomando banho quando desse meia-noite, independente do que tivéssemos feito.
- Eu sei, pequena. E, talvez, por isso, eu queria que fosse você aqui. Nem que fosse só hoje.
- Quem sabe um dia?
- Quem sabe um dia.
- Eu já estou escutando a voz dela no fundo, então acho que fico por aqui. Boa noite, que não só o seu dia seja perfeito, mas esses trinta anos. São os trinta, você sabe o que isso significa.
- Obrigado de novo, do fundo do meu coração. Mesmo que isso soe um pouco gay.
- Sem problemas. Três palavras.
- Duas - e eles desligaram.

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