Acho que essa foi a última coisa que escrevi sobre os dois. E isso já tem um mês e meio. É estranho, para mim que sempre, o tempo todo, estava escrevendo algo sobre os dois, principalmente na realidade deles. Eu não sei o que aconteceu, mas parece que houve um bloqueio. Eu pensei em continuar isso aí, desde o dia 28 passado que penso em algo, mas simplesmente não flui. Eu não sei como será daqui pra frente, eu até pensei em não mostrar isso pra ninguém, mas hoje li algo antigo que me fez lembrar os dois. Esses que já não estão no meu pensamento todos os dias. Às vezes tento me perguntar o que está havendo, mas não obtenho respostas. Então vou vivendo cada dia de cada vez, sem me importar muito. Ou pelo menos tento. Enfim, aproveite, assim como eu aproveitei quando escrevi cada letra, cada sentimento e toda a minha imaginação.
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- Alô? - ele acordou com o toque do celular, então sua voz era rouca. - Alô? - disse mais uma vez já que ninguém respondera. Estava pronto para xingar quando ouviu uma leve respiração do outro lado da linha. - Oi, Dulce.
Ela achou que a voz dele estaria mais irritada ao pronunciar seu nome. Primeiro porque o acordara, segundo porque era ela. Haviam se falado há tanto tempo desde a última vez, e fora tão desastroso, que ela esperou pedras na mão dele. Não havia flores, tampouco, era mais como uma bandeira branca de rendição.
Então ela começou a apreciar o som da voz dele pronunciando seu nome. Ela sentia falta disso, de como ele o dizia e mais ninguém fazia igual. Ela sentia falta dele, essa era a verdade. E ainda achava incrível como ele conseguia saber que era ela, por uma respiração apenas. Ou talvez ela fosse a única que ligasse de madrugada.